top of page
Toxicidade geral
 

Estudos avaliaram a toxicidade aguda oral e dérmica da henna e a dose letal média calculada foi > 2000 mg/kg para ambos os casos.

 

Foi feito um ensaio de toxicidade com repetição de doses ao longo de 90dias, em ratazanas, o que permitiu concluir acerca da toxicidade sub-crónica oral da henna. O NOAEL (No-Observed-Adverse-Effect-Level) foi de 40 mg/kg de peso corporal/dia.

 

A toxicidade crónica ainda não foi testada.

 

Noutro estudo de avaliação da teratogenicidade, o NOAEL (No-Observed-Adverse-Effect-Level ) foi de 200 mg/kg de peso corporal/dia para ratazanas fêmeas grávidas e 40 mg/kg de peso corporal/dia para os fetos.

Toxicidade da Henna

 

 

Até ao momento poucos estudos existem em humanos que nos forneçam informações concretas acerca da toxicidade desta planta, principalmente da sua aplicação tópica, a mais recorrente. Em seguida descrevemos um pouco da investigação que tem sido feita nesse sentido, bem como a opinião do Comitê Científico de Segurança do Consumidor (SCCS) da Comissão Europeia.

 

Irritação/Sensibilização

 

Ainda não foi feito até ao momento nenhum estudo que forneça dados propriamente acerca da irritação na pele, em animais!

 

Uma aplicação oclusiva por 24 horas para avaliar a toxicidade dérmica aguda em ratazanas, não mostrou qualquer potencial irritativo.

 

Quanto à irritação das mucosas, foi evidente uma irritação leve e passageira em alguns coelhos testados nesse sentido.

 

O resultado de um estudo feito em pele de porco, para apurar a possibilidade da henna causar sensibilização dérmica mostrou que não apresenta essa capacidade, pelo menos nas condições deste estudo.

 

Um estudo em humanos, com voluntários que se submeteram a uma aplicação tópica da henna, não demonstrou qualquer tipo de irritação ou sensibilização provocada por esta.

 

Foram reportados dois casos na Índia, que relatam uma dermatite alérgica por contacto com Lawsonia inermis. Para além disso, as experiências de uma cabeleireira e de um esteticista foram bastante estudadas, pois em ambos os casos se comprovou uma alergia à Lawsona inermis mas não ao composto representativo, que se pensava ser o responsável, a Lawsona.

Apesar de tudo, são raros os relatos de alergia por contacto ou de hipersensibilidade imediata, na literatura!

Absorção percutânea

 

Foram realizados três estudos para avaliar a absorção percutânea, dois deles in vitro, um com pele de porco, outro com pele humana e um estudo in vivo em ratos. Mas os estudos disponíveis não permitem concluir acerca da absorção dérmica da henna (medida pela absorção da lawsona) que ocorre aquando de uma aplicação de tintas capilares com este composto, uma vez que o tempo de exposição usado nos ensaios não corresponde ao tempo de exposição que na realidade é usado nesta técnica de coloração.

 

Além disso os resultados diferem bastante entre estudos: a absorção percutânea varia entre 0.2%-7.2% e a absorção absoluta entre 863 ng/cm2 - 1.7 μg/cm2.

 

O SCCS considera que o processo de absorção que mais se assemelha ao que ocorre na realidade será o que recorreu ao estrato córneo, sendo no pior dos cenários considerada a absorção de 5,3%, mesmo para o cálculo da margem de segurança. 

 

Toxicinética

 

Um estudo feito com ratazanas demonstrou que aquando da administração oral de Lawsona inermis, 96% é excretada dentro de 24h, sendo que 65% é excretado pela urina e 35% pelas fezes.

 

A recuperação era de 96,4% e assim foi possível deduzir a biodisponibilidade oral, de 65% para se calcular a margem de segurança. 

 

 

Mutagenicidade

 

Recorreu-se ao estudo das mutações de genes, aneuploidia e aberrações cromossómicas para se avaliar a genotoxicidade.

 

Dois ensaios feitos com culturas de bactérias, para testar mutações nos genes bacterianos provocadas pela henna, demonstraram que sobre as condições usadas, esta não apresentava carácter mutagénico.

 

O mesmo não aconteceu nos ensaios com células de mamíferos in vitro, onde a henna causou mutação no locus tk de células de linfoma de rato, mas não causou mutação no locus hprt de células de hamster.

 

Já outro estudo relata afinal mutações no locus tk de células de linfoma de rato, o que reflete a ideia de que não há um consenso acerca da mutagenicidade da henna.

 

Além disso, concluiu-se que o extrato de henna induz um aumento das células com aberrações cromossómicas e consequentemente é um agente clastogénico e/ou aneugénico em linfócitos humanos, graças a outros ensaios realizados. Induz ainda um aumento no número de células com micronúcleo, mas não aumenta as trocas entre cromatídeos irmãos.

 

Ensaios in vivo não demonstram o mesmo perfil de genotoxicidade, pois não se verificou o aumento de células com micronúcleos verificado nos in vitro nem a indução de síntese não programada de DNA.

 

Esta discrepância entre ensaios leva a um necessidade urgente de se investigar a genotoxicidade da Lawsonia inermis.

Deficiência na Glucose-6-Fosfato Desidrogenase

 

 

A estrutura e o potencial redox da lawsona (2-hidroxi-1,4-naftoquinona) são bastante semelhantes a uma 1,4-naftoquinona, metabolito do naftaleno e potente oxidante das células deficientes em glucose 6-fosfato desidrogenase (G6PD).

 

Desta forma a aplicação tópica pode conduzir a uma hemólise potencialmente fatal em crianças com défice na G6PD.

 

As manifestações clínicas passam por letargia, vómitos, anemia, taquicardia, fraca perfusão periférica, choque e até a morte.

 

Bibliografia:

  • Groot, A.C., Side-effects of henna and semi-permanent 'black henna' tattoos: a full review. Contact Dermatitis, 2013. 69(1): p. 1-25.

  • Badoni Semwal, R., et al., Lawsonia inermis L. (henna): ethnobotanical, phytochemical and pharmacological aspects. J Ethnopharmacol, 2014. 155(1): p. 80-103.;

  • SCCS (Scientific Committee on Consumer Safety), 2013. Opinion on Lawsonia inermis (henna). European Commission (EU). Disponível em: (http://ec.europa.eu/health/scientific_committees/consumer_safety/docs/sccs_o_140.pdf.

.

bottom of page