Comunicação de risco
A henna é essencialmente usada pelas suas propriedades de coloração. É utilizada para tingir o cabelo, as unhas, a pele, a lã, o cabedal e a seda. Hoje em dia podemos encontrar a henna em diferentes produtos de cosmética, como tintas para o cabelo ou ao nível da arte corporal, em tatuagens temporárias. Estas são pinturas que se aplicam na pele, normalmente feitas com corantes de origem vegetal que se ligam à queratina de pele e permanecem durante dias ou mesmo semanas.
É comum encontrarmos este tipo de “body art” em locais como feiras de rua, praias, festas e festivais, feita por vendedores que não têm licença muitas das vezes para o fazer. Também são recorrentes em casamentos e festas e aniversário com significado cultural.
Existem dois tipos de tatuagens:
- originais tatuagens de henna natural:
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é usado o extrato das folhas secas de Lawsonia inermis
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origina uma tatuagem de cor vermelha acastanhada ou laranja acastanhada
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henna misturada com outros compostos como limão ou óleo de eucalipto
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permitidas para uso no cabelo mas não para adorno da pele
- tatuagens de henna negra:
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consiste numa mistura de henna com outros compostos como o PPD (p-fenilenodiamina)
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conferem uma cor negra à tatuagem
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o seu uso não é permitido para adorno da pele
Um pessoa que procura realizar este tipo de tatuagem deve estar ciente do risco que pode correr, caso procure faze-lo num local onde não há garantia de qualidade. O risco acresce quando são adicionados corantes à pasta para a tornar mais escura, caso das tatuagens de henna negra.
Os sintomas começam por aparecer após 3 a 12 dias da aplicação da tatuagem e passam por comichão e vermelhidão, manchas, bolhas e descoloração da pele. Podem ainda ocorrer efeitos adversos a longo prazo como dermatite de contato alérgica, poli sensibilização e lesões cutâneas permanentes. O contacto com estes compostos químicos pode provocar uma sensibilização permanente dos indivíduos, que ficam vulneráveis a produtos como tintas capilares, tecidos sintéticos, borracha, latex, alguns protetores solares, sufamidas antimicrobianas e anestésicos locais. Nos casos mais graves é necessária intervenção médica, bem como consequente hospitalização.
É um corante existente nas tatuagens de henna negra que apenas é aprovado para as tintas capilares (até um limite máximo de 6%), não sendo legal o seu uso em produtos de decoração da pele. Apesar disto este corante é adicionado à pasta de henna das tatuagens temporárias, de modo a que estas sejam mais duradouras e tenham um tom mais escuro, preferido por quem procura este tipo de arte. Conferem uma coloração imediata da pele, mas o problema é que estes aditivos são conhecidos por causar reações alérgicas e hipersensibilidade em alguns indivíduos.
A forma mais eficaz de evitar os efeitos adversos é nunca fazer este tipo de tatuagem.
Mas caso se pretenda concretizar essa ideia, há que ter em conta algumas recomendações:
1º Saber reconhecer a cor de uma pasta de henna natural. Normalmente esta é de tom acastanhado, mas caso seja mais escura (negra) é porque provavelmente contém outros corantes de origem duvidosa.
2º Requerer a lista de ingredientes/instruções para analisar as condições da pasta e a sua origem. Caso esta não esteja disponível para consulta, a tatuagem deve ser evitada.
3º Se após a realização da tatuagem a pasta é passível de ser removida depois de uma hora, é porque esta é henna negra.
Estas tatuagens que se assemelham às “tatuagens tribais” são bastante populares essencialmente no verão e cada vez mais procuradas pelas camadas mais jovens. Uma questão preocupante é que já há muitas crianças a partir dos 4 anos que fazem este tipo de tatuagem e acabam por desenvolver reações de pele graves, pois os pais desconhecem os riscos desta realidade.
O problema da sensibilização afeta principalmente crianças e jovens, o que pode comprometer a sua saúde futura bem como as suas escolhas profissionais, pois ficam vulneráveis ao contacto com diversos materiais.
A primeira coisa a fazer em caso de reação alérgica é ir ao médico para procurar tratamento adequado, que muitas vezes passa pelos esteroides tópicos. Depois disso, é possível reportar o caso à EMA (European Medicines Agency).
No futuro a pessoa deve manter-se continuamente alerta para evitar o contacto com produtos que contenham este tipo de corantes, henna ou PPD (fenienodiamina) ou outros alergenos.
Bibliografia:
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Bhakti Petigara Harp; Katherine Hollinger. "Temporary Tattoos: Raising Consumer Awareness of Safety." (2014). Food & Drug Administration.
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Infarmed (2008). "Tatuagens de henna negra." disponível em: http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PESQUISA/RESULTADOS_DA_PESQUISA.
Sim, estes doentes constituem o principal grupo de risco. A deficiência na enzima Glucose-6-Fosfato desidrogenase, submete a pessoa a um risco acrescido de desenvolver anemia hemolítica aquando do contacto com henna, mais propriamente com a lawsona, o seu constituinte mais importante.